A PSP anunciou ontem que as viaturas aguardadas para as operações de manutenção de ordem pública que se previa pudessem chegar a tempo de serem utilizadas durante a cimeira da NATO, que decorre nos dias 19 e 20 deste mês, em Lisboa, não são blindadas, mas antes carros com protecção balística que transportam um mínimo de oito pessoas. O custo destas viaturas, ao contrário do que foi dito há mais de um mês pelo Ministério da Administração Interna (MAI), também não é de cinco milhões de euros, mas sim de 1,2 milhões.
A diferença entre os cinco milhões inicialmente anunciados e os 1,2 milhões que a PSP diz agora custarem os carros (não foi anunciado quantos são, mas apenas que são veículos com protecção balística, outros de reboque e remoção de objectos na via pública, um camião de água e alguns veículos para equipas de intervenção rápida) será gasta em equipamento electrónico (que a PSP diz, na sua página do Facebook, que se destina a impedir escutas telefónicas e não a fazê-las) e noutro equipamento de manutenção de ordem pública não especificado.
Segundo disse ao PÚBLICO o comissário Paulo Flor, porta-voz da direcção nacional da PSP, é errada a designação "blindados" aplicada aos carros que serão pagos com verbas do Governo Civil de Lisboa, sendo "protecção balística" a expressão mais adequada aos veículos, que, contudo, continuam sem data anunciada para chegar a Lisboa. Ontem, ainda não havia qualquer resposta do MAI relativamente às questões colocadas e que se reportavam à data de chegada dos veículos e qual o país de origem.
O processo de aquisição deste equipamento para a PSP, conforme refere a própria direcção nacional, previa de início um gasto de 20 milhões de euros. Esse montante foi reduzido para um quarto em consequência das dificuldades económicas do país, conforme consta numa inscrição de 7 de Outubro na página do Facebook da polícia. Já nessa ocasião, em alguns dos 10 pontos publicados, a PSP se refere aos carros como "blindados" e também nessa ocasião é dito que as viaturas devem vir a ser utilizadas em acções policiais nos mais de 300 bairros problemáticos identificados em todo o país, situação que, de resto, até foi salientada recentemente pelo comandante da Unidade Especial de Polícia (UEP), intendente Magina da Silva.
Na UEP continuam, de resto, os exercícios onde intervêm elementos de quase todas as cinco subunidades que estarão encarregues das operações de segurança da cimeira.
Afinal, como é o carro?
Nem a PSP, que vai utilizar as viaturas, nem o MAI, que as irá comprar, anunciaram ainda quando é que as mesmas chegam ou, por exemplo, qual é o fabricante. A polícia disse ontem, no entanto, que os veículos do negócio feito por ajuste directo, não são blindados, mas antes carros com protecção balística (resistentes a uma vasta gama de projécteis disparados por armas de fogo). No mínimo, terão de ter capacidade para transportar oito pessoas, possuir redes de protecção, estar equipados com pneus runflat (graças a um revestimento especial no interior, permitem a marcha do veículo em qualquer circunstância, mesmo depois de esvaziados), quatro portas laterais e uma porta traseira e possuir motor a diesel. Estas viaturas, que a PSP afirma existirem em todas as forças policiais urbanas europeias, divergem, dizem os especialistas, de outras que a GNR utilizou em missões no Iraque e assim, ao contrário do que já foi anunciado por pessoal da PSP, deverão ter um prazo de adaptação à condução e ao restante equipamento.
04.11.2010 - Por José Bento Amaro "PÚBLICO"
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