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Blindados da PSP não deverão chegar a tempo da Cimeira

Polícias têm dúvidas sobre condições para assegurar ordem nas ruas

Comandante da PSP admite atraso na entrega das viaturas e polícias dizem que é necessário tempo de adaptação às mesmas.

Os seis blindados comprados por cinco milhões de euros para serem utilizados na Cimeira da Nato, nos dias 19 e 20 deste mês, em Lisboa, não devem chegar mesmo a tempo da reunião. "Os cinco blindados e a viatura pesada para desobstrução das ruas não devem chegar a tempo de serem utilizadas na cimeira e, mesmo que tal aconteça, não haverá tempo para que o pessoal se adapte nas condições desejáveis", disse ao PÚBLICO um elemento da Unidade Especial de Polícia (UEP), lembrando que o atraso na chegada deste equipamento (custa cerca de cinco milhões de euros e terá sido pago com verbas cedidas pelo Governo Civil de Lisboa) até já foi admitido pelo director nacional da PSP, Oliveira Pereira.

O PÚBLICO tentou obter esclarecimentos sobre a compra dos blindados (comprados por ajuste directo para que a sua chegada fosse mais rápida), mas apesar das insistências, o MAI não se mostrou disponível para responder às questões, nomeadamente a data de chegada das viaturas. Sabe-se, no entanto, que a PSP entende que as viaturas são consideradas essenciais pois pretende-se a sua utilização posterior em acções nos mais de 300 bairros problemáticos de todo o país.

Para além da previsível falta dos blindados, algumas subunidades da UEP debatem-se ainda com a falta de outro equipamento que consideram necessário. Responsáveis policiais dizem que não há protecção em muitas das viaturas que estarão nas ruas e falam de escassez de pessoal em áreas como o sector cinotécnico.

A principal preocupação da PSP prende-se, de momento, com a pouca operacionalidade das viaturas destinadas a assegurar a ordem pública, uma vez que se trata das carrinhas Ford Transit que foram compradas para o Euro 2004, e que, na sua maioria, não são blindadas e nem sequer possuem protecções (redes metálicas colocadas em frente aos vidros) que permitam suportar apedrejamentos.

"O grupo cinotécnico possui apenas cerca de 30 operacionais para trabalhar na vertente da ordem pública. Destes, apenas 15 são binómios [homem e cão], o que poderá ser muito pouco para fazer frente a manifestações que, pelos vistos, podem reunir alguns milhares de pessoas", disse um dos polícias contactados.

Maior operação de sempre

Problemas de equipamento à parte, o PÚBLICO sabe que as autoridades estão a preparar a maior operação de segurança de sempre em Portugal, incluindo a visita do Papa Bento XVI. Em Lisboa, no decurso da cimeira, estarão todos os efectivos da UEP, nomeadamente do Corpo de Intervenção, da Defesa Pessoal, da Inactivação de Explosivos no Subsolo, do grupo Cinotécnico e da Grupo de Operações Especiais.

Ao todo, tendo em conta que também se deslocam os efectivos colocados no Porto e em Faro e que todo o pessoal está impedido de gozar férias ou folgas durante os dias do evento, prevê-se que sejam mobilizados (só na UEP) mais de 700 polícias. Este número poderá ser menor, uma vez que na PSP já corre uma mensagem (nos telemóveis dos polícias de todos os comandos nacionais) pedindo a cada um para, nos dias 19 e 20, "adoecerem" e consultarem médicos.

A PSP irá inspeccionar os locais onde vão trabalhar e pernoitar as principais comitivas. Os hotéis e as salas de reuniões serão passados a pente fino, procurando-se, principalmente, detectar explosivos. Já a segurança das individualidades será assegurada, quase na totalidade, por equipas próprias (só a delegação dos EUA deverá compreender quase 1000 pessoas).

A segurança nos trajectos entre os locais onde ficarão as comitivas e o local da cimeira, no Parque das Nações, só será aplicada nas medidas máximas em relação aos países cujo risco de atentado é mais elevado.

fonte "PUBLICO"

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